Pinheirinho
(Lucas Bronzatto)
Do rio que tudo arrasta
se diz que é violento
Mas ninguém diz violentas
as margens que o comprimem
(Bertolt Brecht)
Quando morar é um privilégio
ocupar é um direito
Retumba o brado
do povo heroico do Vale
Rio de povo
comprimido por margens
comprimido por margens
nada plácidas
nada complacentes
nada
comprime o rio totalmente
Quando matar se ensina no colégio
policial impõe respeito
assassinando com pose de herói
Soturno coturno que espanca
Vivo, o Pinheirinho queima
Os olhos ardem tanto
que fica impossível fechar
A não ser que você queira
Quando sobreviver é um sortilégio
é preciso cobrir de latão o peito
e se entregar à luta desigual
pintura moderna da desigualdade
aquarela dissolvida em sangue
Balas perdidas não assustam
Espantam as balas encontradas
na cabeça no pé no peito na alma
até de mulheres e crianças em fuga
Quando resistir é um sacrilégio
ser pobre é um defeito
Seis mil invasores
seis mil bandidos
seis mil criminosos
que denunciam
a criminosa mídia que deturpou
a criminosa mídia que deturpou
a criminosa justiça que ordenou
o criminoso grupo político que acatou
a criminosa polícia que executou
o criminoso capitalismo que os criou
o crime nosso de deixa-lo vivo
e procriando
--
São José dos Campos, 22 de janeiro de 2012
e
Bárbarie...
Putz Lucas. Muito bonito.
ResponderExcluirNaqueles aplicativos do blogspot, tem um que você consegue deixar botões para as pessoas compartilharem seus poemas nas redes sociais.
ResponderExcluirSugiro que coloque no seu blog. Fiquei com desejo de compartilhar seu link. Se o botão estiver em fácil acesso, creio que muito mais pessoas farão isso.
Suas palavras nada confortantes estão muito bonitas.
Singelas, bonitas e cruéis (assim como o real).
Barbárie.
Beijão
Não sei se chegou a ver esse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=NBjjtc9BXXY
ResponderExcluirMe foi muito esclarecedor diante do caos de informações conflitantes que a gente vê(ou deixa de ver) na mídia.
Parabéns pelo blog, tenho acompanhado e gostado.