Miradas del Che
(Lucas Bronzatto)
Da escola de La Higuera você me olha
com olhar parado de bala
de boina atravessada
Viaja quilometros pra me lembrar
que não deve haver fronteiras
além das cordilheiras e rios
que nos unem
Seu olhar assustado denuncia:
Fronteiras ajudam a assassinar
revolucionários sem fronteiras
De Santa Clara você me olha
de um rosto de bronze, de urna
que guarda suas órbitas, seus ossos
Me lembra da conversa que tivemos aí
Silencioso monólogo
em sua querida presença
renovadora de convicções
Seu olhar calado questiona
em qual urna depositei as convicções renovadas
os estudos sobre marx
e todas as lutas que prometi fazer
Do palanque da Assembléia da ONU você me olha
numa brevíssima pausa de respiro
entre um disparo e outro de palavras de seu discurso
Seu olhar convicto me convida
a escrever nossa própria História
a descarregar fusis de ideias todos os dias
a alimentar o espírito revolucionário
e não deixar as indignações mais profundas
morrerem de fome todos os dias
Das camisetas que passam você me olha
Quanto mais desfigurado
debochado e irreconhecível está seu rosto
mais forte é seu chamado,
seu pedido de ajuda
Seu olhar inspirador anda triste
Olhos cansados de quem tenta e não consegue
atravessar as selvas de peles e pulmões
(quase todos mais sadios que o seu)
pra montar acampamento nos corações outra vez
--
Um excelente filme, inspirador desse poema: http://www.youtube.com/watch?v=5hpVI3JoobU
E um post do blog do Silvio Rodriguez, concidentemente ou não, dessa mesma semana:
http://segundacita.blogspot.com/2012/01/che-desde-la-memoria.html
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