(para Dani Santos)
Perguntam-me
sobre poemas
não
tenho respostas
As
margens que comprimem esse Rio
de
janeiro a janeiro
me
deixaram mudo
Tão
grandes feridas nas retinas
tornaram
pequenos meus versos
Desmaravilhadores
desceram
de seus helicópteros
saqueando
minhas palavras
Do
alto de seus edifícios empresariais
pescaram
metáforas da minha garganta
Estilhaços
de bomba incrustaram-se no céu
da
minha boca
Prisão
preventiva de ideias
Junto
à saliva e ao sangue
dos
tapas na cara dados pela realidade
cuspi
frases inteiras
Graças
aos pés fincados na rua
só
foi embora o que era ingênuo
Por
ora ficou esse mutismo
que
se sabe passageiro
silêncio
incômodo
olhos
que cicatrizam
e
eu pé ante pé
juntando
as palavras que sobraram
às
pedras
e
ao que brota no deserto
(Lucas Bronzatto)
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