Prisões
(Lucas Bronzatto)
Está tudo aqui e aí dentro
embora a gente talvez não perceba
Correntes correm junto aos nervos
que fazem mover nossa boca
São amarras armadilhas imperceptíveis
prontas para dificultar a passagem
das palavras que partem das vísceras
Vítimas, estas fogem pra pele
ou morrem sufocadas na laringe
Tudo aqui e aí dentro
muralhas que a gente cultiva como jardins
mortalhas que a gente tece como artesãos
tralhas e mais tralhas guardadas sem porque
navalhas que a gente deixa enferrujar
Está tudo aí e aqui dentro
embora a gente talvez não sinta
essa mão enorme e invisível
estrangulando nosso coração
quer imitar o amor
limitar o amor
eliminar o amor pouco a pouco
até deixar um oco
um eco
um boneco
um eco
um boneco
Tudo aí e aqui dentro
Grades de luzes coloridas
aprisionam nossos pensamentos mais nossos
nossa vontade de ser quem a gente é
nossa vontade de ser quem a gente é
As coisas compradas no sábado
viram cadeados cordas e celas
que prendem e impedem as pulgas
de irem até a parte de trás das orelhas
Felizmente
pra gente se libertar
está quase tudo aqui
quase tudo aí dentro também
embora a gente talvez não saiba:
planos de fuga
táticas de guerra
facas de serra
limas alicates
britadeiras bandeiras
e até dinamites
Quase tudo aqui e aí dentro
o que falta aqui está aí
ou naquele prisioneiro ali
ou no outro
no outro
e vice-versa vice-versa vice-versa
vice-versa
Lucas, que primor! Adorei mesmo. É uma "escavação" da mente, do coração, da alma. Parabéns.
ResponderExcluirElaine
Obrigado, Elaine!
ResponderExcluirE aqui está o Enquanto é tempo :)
ResponderExcluirSobre como as coisas viram cadeados cordas e celas... mas sobre planos de fuga também.
Gostei da sua poesia!
Abraços,
Fernanda
Verdade!!
ResponderExcluirvamos manter contato, que nossos versos se conversam!
Abraços