Panelas
Na
panela da janela
vazia
de sentido
panela
de pressão seletiva
capela
de repressão
eu
não bato não
Na
panela que não apita
quando
a fumaça sobe
pra
professor em greve
que
não chia
quando
o cabo de borracha queima
as
costas de estudantes nas ruas
eu
não bato não
Na
panela de olhos de aço
que
aceita a balela dita na tela
que
chama massacres de conflitos
panela
que no fundo
vibra
quando a polícia bate
eu
não bato não
Na
panela de cera que não vela o Eduardo de Jesus
clamando
justiça
na
panela que não desvela a ditadura na favela
na
panela que não pergunta do Amarildo
eu
não bato não
Ela
ela ela
silêncio
na janela
se
o choro é da favela
Na
panela anticorrupção
antiaderente
pra tucanos
e
pra empresário corruptor
eu
não bato não
ainda
mais nessa de tecnologia avançada
que
deixa inoxidável o sorrisinho do chuchu
que
não refoga
governador
que revoga aumentos de salário
frita
a educação pública
amassa
quem discorda de seus desmandos
desidrata
torneiras
escorre
a água do macarrão
pro
agronegócio
deixa
assar a batata envenenada
calado
enquanto
os da janela batem na panela de cobre
nobre
que
encobre o cartel do metrô
cozinha
escândalos em banho-maria
sem
deixar ferver pro povo esquecer
Corrupção
tucana parece aquela brincadeira:
vaca
amarela cagou na panela
na
grande mídia ninguém corre o risco
de
comer toda a bosta dela
Na
panela de barro que ferve direitos trabalhistas
eu
bato pra estilhaçar
Na
panela de teto de vidro
que
enquanto bate
deixa
descansando o ajuste fiscal
a
terceirização
e
outros ingredientes do mesmo caldo
eu
não bato não
não
bato panela nem palma pra patrão
muito
menos se for passar na televisão
pois
se alguém ainda não sabe
requento
aquele refrão:
não
vai ser televisionada a revolução
Na
panela da panelinha de “gente de bem”
civilizada
e pacífica
eu
não bato não
Sou
desses que leva panela pra rua
pra
fazer baderna
e
deixa um panelão pra lua
pra
fazer de cisterna
(Lucas Bronzatto)
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