Rio de janeiro, 13
de julho de 2014
A
ficha ainda não caiu
como
explicar o inexplicável?
o
que dizer?
que
palavras saem com as lágrimas?
vergonha?
dor? ódio?
um
massacre!
quanto
tempo durou?
um
mês? um ano? cinquenta anos?
eles
treinaram tanto pra isso
uma
família!
quanto
tempo ainda dura
essa
mancha na nossa história?
dura
dura
dura
a
dita ainda dura
passado
que não passa
a mesma muito escura viaturabatendo no portão
aflição, atenção, detenção
prisão preventiva, arbitrária, temporária
prova imaginária:
quadrilha armada de jornais independentes
e outros artigos de defesa
a arma era do pai e tinha porte
um recorte durante o esporte
um flash mal contado
A ficha ainda não caiu
no dia seguinte mais flashes mais distorções
afinal era dia de final
nada mais importava
e nem deu pra ver as armas apontadas
as mãos levantadas
o cerco durante o circo
o pão que o diabo amassou
os chutes certeiros da pátria de coturnos
Um
pé pisa nas cabeças
o
outro estraçalha a constituição
aquele
calhamaço de folhas fabricado em 88
com
prazo de validade variável
de
acordo com o interesse do capital
aquele
papelzinho verde-amarelo-azul-e-branco
com
muito orgulho com muito amor
que
a mão do mercado amassa quando quer
e
joga pros seus cães raivosos
mastigarem
e cuspirem na nossa cara
com
risinhos debochados
aquela
que virou papel de pão
nesse
circo de papel picado
nesse
picadeiro que esconde os bastidores
do
show de horrores
temor
tremor
terror
terrorismo
de Estado é o nome
é
a explicação do inexplicável
eles
treinaram tanto pra isso
uma
família
tão
bem preparada
pra
fazer da exceção regra
é o cassetete, é o capacete arrebentado
é a cavalaria desembestada invadindo a praça
braços quebrados, câmeras estraçalhadas
confiscadas, balas de borracha à queima roupa
perseguição por causa da roupa, do cabelo, da bandeira
das filmagens, das fotos no cadastro de manifestantes
“sai, sai da frente, que é aquele que a gente quer
tira a máscara filha da puta
tira a máscara filha da puta”
gritos
de caçada
bandeiras
pretas
bandeiras
vermelhas
ainda
em pé
resistência,
coragem, pagarão
arrego
não
não
passarão!
A
ficha ainda não caiu
os
alemães são mesmo muito bons de tática
ficou
nítida a supremacia no campo
de
batalha
quando a polícia usou a Kettling:
tática
de repressão alemã
cerco
que proíbe a vida
ninguém
vai
ninguém
vem
território
de ninguém
rodinha
de terror onde a lei não entra
caldeira
da saens peña
bloqueio
pra
ninguém gritar perto da festa da final
pra
não incomodar os fans
tudo
tem que ser perfeito
a
copa das copas
o
quintal dos quintais
o
porão dos porões da democracia
fazia
um ano do Amarildo e cadê?
A ficha ainda não caiu
as lágrimas dos 250.000 removidos
o sangue das favelasvocê reparou que respingavam da taça
quando os alemães a balançavam no ar?
gotas de um liquido avermelhado
salgado
enegrecido
você viu que o menino negro na abertura da copa
entrou com uma trava de bicicleta presa no pescoço?
você soube que os gringos levaram boa impressão do Brasil?
o repórter canadense que tomou um chute na cabeça
nunca mais vai esquecer esta viagem
e o que se faz por aqui pra garantir a farra de poucos
a bola rolando
o dinheiro circulando
e a boa imagem do Brasil pro mundo
É preciso ordem pro progresso da injustiça acontecer
tranquilamente
e você sabe
sem uma boa estratégia de marketing
não há como vender o país
nem alugar
(Lucas Bronzatto)
Liberdade aos presos políticos!
Lutar não é crime!
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Obs: Clique nos versos que estão sublinhados para ver as notícias relacionadas.
Um bom resumo do que vem acontecendo pode ser encontrado em: https://www.youtube.com/watch?v=n72B3zCOLU0
Foto: Jornal A Nova Democracia
Foto: Jornal A Nova Democracia
Foto: Rio na Rua
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