20:00
(Lucas Bronzatto)
Os olhos sempre ávidos de belezas
hoje não querem ver
Os ouvidos fazem-se de surdos
e as músicas não tocam a alma
Uma barreira de cílios invisíveis
impede que o aroma das flores
da brisa e do incenso invadam
A boca hoje não gosta
nem sente nenhum gosto
muito menos o insosso
do que preparo a contragosto
Se tivesse alguém
ou algo além do concreto para tocar
só sentiria dormência
Nem a inesperada presença da lua
brilhando no cinza imenso
consegue iluminar
Um livro talvez salve
O verso escorre, escapa
a palavra voa, viaja longe
a letra gira, pula
letra gira pula
letra gira pula
letargia pura
Nenhum comentário:
Postar um comentário