quarta-feira, 14 de março de 2012

20:00

20:00
(Lucas Bronzatto)

Os olhos sempre ávidos de belezas
hoje não querem ver
Os ouvidos fazem-se de surdos
e as músicas não tocam a alma

Uma barreira de cílios invisíveis
impede que o aroma das flores
da brisa e do incenso invadam

A boca hoje não gosta
nem sente nenhum gosto
muito menos o insosso
do que preparo a contragosto

Se tivesse alguém
ou algo além do concreto para tocar
só sentiria dormência

Nem a inesperada presença da lua
brilhando no cinza imenso
consegue iluminar

Um livro talvez salve

O verso escorre, escapa
a palavra voa, viaja longe
a letra gira, pula
letra gira pula
letra gira pula
letargia pura

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