Minha coleção
(Lucas Bronzatto)
Nem selos nem latas
nem borboletas nem notas
nem discos de vinil
Coleciono, há um bom tempo,
nostalgias
E como são boas de colecionar!
Grande variedade de objetos
fáceis de encontrar por aí
Algumas das peças raras
de valores inestimáveis
são as mais simples de se obter
Arquivadas vivas,
não requerem técnicas de dissecação
nem minúcias de conservação
Não ocupam espaço
Não precisam de caixas,
alfinetes, plásticos, estantes,
nem nada que as prenda,
pois a razão de ser da coleção
é o momento em que escapam
voando de seu lugar no tempo
atraídas por uma música,
um cheiro, uma cena
um lugar, um poema
um gosto, uma brisa
uma piada, uma careta
um rosto inacreditavelmente parecido
um trejeito, um sotaque
Minha coleção de nostalgias,
essa fonte inesgotável de sorrisos inesperados,
é o jeito de fazer ficar
todo mundo e
todo o mundo que passa
domingo, 26 de fevereiro de 2012
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Palavras ao Invisível
Palavras ao Invisível
(Lucas Bronzatto)
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
cortassem seus pulsos
e jorrasse toda a Coca-Cola
e o petróleo
que correm em seus veias
até não sobrar gota negra nenhuma
para contar sua história
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
arrancassem seus dedos
pra que não conseguisse mais segurar
os comprimidos
que discretamente coloca nas bocas
para calá-las
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
apertassem com força as gravatas
de todos os seus filhos prediletos
Estilhaçassem os vidros
de todos os prédios empresariais
de todas as salas de chefes
com seus recursos desumanos
e deixassem em cacos
todas as consciências opressoras
Que implantassem pesadelos nelas
Terríveis pesadelos
que estrangulassem ainda mais as gargantas
no dia seguinte
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
incinerassem todas as televisões e rádios
todos os jornais e revistas
que servem somente ou sutilmente a você
Que virassem crime o estupro de verdades
e o fomento à guerra
contra nós mesmos
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
mostrassem pra todo mundo
inclusive pra mim
que só palavras não bastam
pra te aniquilar
(Lucas Bronzatto)
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
cortassem seus pulsos
e jorrasse toda a Coca-Cola
e o petróleo
que correm em seus veias
até não sobrar gota negra nenhuma
para contar sua história
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
arrancassem seus dedos
pra que não conseguisse mais segurar
os comprimidos
que discretamente coloca nas bocas
para calá-las
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
apertassem com força as gravatas
de todos os seus filhos prediletos
Estilhaçassem os vidros
de todos os prédios empresariais
de todas as salas de chefes
com seus recursos desumanos
e deixassem em cacos
todas as consciências opressoras
Que implantassem pesadelos nelas
Terríveis pesadelos
que estrangulassem ainda mais as gargantas
no dia seguinte
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
incinerassem todas as televisões e rádios
todos os jornais e revistas
que servem somente ou sutilmente a você
Que virassem crime o estupro de verdades
e o fomento à guerra
contra nós mesmos
Queria que minhas palavras
quando lidas em muitas vozes altas
mostrassem pra todo mundo
inclusive pra mim
que só palavras não bastam
pra te aniquilar
Assinar:
Postagens (Atom)